Temperatura Média Cinética (MKT)

De acordo com o Guia Nº 02/2017 da ANVISA a Temperatura Média Cinética (Mean Kinetic Temperature), conhecida como MKT, é uma temperatura fixa calculada, que simula o efeito das variações de temperatura em um determinado período de tempo.

A Temperatura Média Cinética (MKT) pode ser usada para justificar variações  de temperatura de curto prazo em armazenmentos e transporte, sendo este conceito abordado pela ANVISA, MRHA e USP.

Definição de Temperatura Média Cinética (MKT)

Uma única temperatura derivada que, se mantida por um período de tempo definido, proporciona os mesmos desafios térmicos à substância ou produto de um medicamento que seriam experienciados na faixa de mais alta e mais baixa temperaturas por um período equivalente.

Ela expressa o estresse térmico cumulativo experimentado por um produto, em diferentes temperaturas durante a armazenagem e/ou distribuição.

Cálculo da Temperatura Média Cinética (MKT)

O MKT é maior do que a média aritimética das temperaturas e leva em consideração a equação de Arrhenius abaixo. Pode ser definida também como uma única temperatura calculada em que a quantidade total de degradação em um determinado período de tempo é igual à soma das degradações individuais que podem ocorrer em várias temperaturas.

onde,
Tk: Temperatura Média Cinética
∆H: Calor de ativação, 8,3144×10-3 kJ.mol-1.K-1 (a menos que estejam disponíveis informações mais precisas a partir de estudos experimentais)
R: Constante Universal dos Gases, 8,3144×10-3 kJ.mol-1.K-1
n: Número total de temperaturas de armazenamento registradas no período de observação
T1: Valor da temperatura registrada no primeiro período de tempo
T2: Valor da temperatura registrada no segundo período de tempo
Tn: Valor da temperatura registrada no período de tempo

Como utilizar o MKT?

O MKT não deve ser usado para compensar o controle de temperaturas precário ou ausente nas instalações de armazenagem, ou transporte. Pode ser aplicada em situações nas quais o controle é bom, mas variações ocasionais podem ser encontradas, alem disso é uma prática aceitável para justificar variações por períodos de tempo curtos e durante o transporte, não sendo aplicável para armazenamentos de longo prazo.

Conforme o guia da ANVISA para produtos biológicos o MKT deve ser aplicado apenas nos casos onde os dados científicos relacionados à estabilidade térmica do produto em questão, usados para estabelecer os cuidados de conservação, permita excursões de temperatura entre 25°C e 30°C, sendo aplicável apenas para produtos armazenados à temperatura ambiente, com cuidado de conservação aprovado de 15°C a 30°C, não é apropriada para produtos que requeiram armazenagem a temperaturas baixas, como de 2°C a 8°C, por exemplo.

Entretanto a USP a recomenda seguir as seguintes durações, com as respectivas condições durante as variações para calcular a Temperatura Média Cinética (MKT):

Os três requerimentos seguintes devem ser atendidos para temperatura fria pela USP:
1. A variação não deve exceder 15°C;
2. A variação não deve exceder 24h;
3. O MKT de 24h não deve exceder 8°C.

Os critérios para a permissão do uso do MKT a fim de avaliar as variações de temperatura que podem ocorrer na armazenagem ou transporte devem ser baseados na seguinte orientação:

Cuidados…

Todas as variações devem ser avaliadas e investigadas, os dados precisam ser comparados com os dados de estabilidade para fazer uma disposição final do medicamento. Caso haja múltiplas variações durante o trânsito e armazenamento estas devem ser investigadas pelo fabricante e em tal situação o cálculo do MKT não pode ser usado, pois múltiplas variações indicam que o sistema está fora de controle e precisa de manutenção e retificação.

A Temperatura Média Cinética (MKT) não se destina a fornecer justificativa para o controle de temperatura deficiente das instalações de armazenagem ou transporte e deve ser aplicada para justificar variações de curto prazo e onde os controles são adequados.

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Referências:

• ANVISA – Guia para a Qualificação de Transporte dos Produtos Biológicos Nº 02/2017– Versão 02
• The United States Pharmacopeia 26. National Formulary 21. (2002) USP26/NF21. 26 (Ed). U. S. Pharmacopeial Convention, Rockville, MD. G. Chapter pp1-8
• Pharmacopeial Forum. USP Subcommittee on Packaging, Storage, and Distribution. Survey to Provide Data for Proper Shipment and Distribution Conditions (1996);22(6):pp3268- 3269